quarta-feira, 23 de março de 2022

São Chico de Assis e São Chico de Paula buscam reconhecer o ritmo musical gaúcho chamado bugio como patrimônio imaterial brasileiro

São Francisco de Assis e São Francisco de Paula deixaram de lado rivalidade histórica quanto à origem do 'bugio', ritmo nativo inspirado no ronco do macaco comum nas matas do Rio Grande do Sul.

De mãos dadas: Marcos André Aguzzolli (Prefeito de São Francisco de Paula) e Jeremias Oliveira (Vice-prefeito de São Francisco de Assis). Foto: RBS TV

Dois municípios gaúchos decidiram deixar de lado uma rivalidade histórica em nome de um objetivo comum: lutar pelo reconhecimento nacional do único ritmo musical considerado nativo do Rio Grande do Sul, o bugio.

Representantes de São Francisco de Assis, no Centro, e São Francisco de Paula, na Serra, que reivindicam terem originado esta tradição, firmaram uma trégua e se uniram em torno da proposta de tornar essa tradição patrimônio imaterial do estado e da nação.

Tradicionalistas das duas cidades participaram da gravação de uma reportagem para o Jornal do Almoço, da RBS TV, com cantoria e danças tradicionais inspiradas no ronco do macaco comum nas matas do estado. Como símbolo dessa união, prefeito e vice de ambas as cidades entrelaçaram lenços maragato e chimango em suas mãos. 

 "Era aquela disputa: 'Isso é meu, é teu, porque eu comecei primeiro'". Então, não adianta nós brigarmos, nós temos que chegar a um consenso", afirma o prefeito de São Francisco de Paula, Marcos André Aguzzolli (PP).

Presidente do Conselho Municipal de Cultura da cidade, o escritor Israel da Sois é autor de um livro a ser lançado nas próximas semanas, que resgata a história do ritmo. Independentemente de onde surgiu, é consenso que a inspiração dessa tradição é mesmo o macaco.

"A principal origem é a do macaco, é a imitação daquele ronco do macaco, na mão esquerda do acordeon, na dança que o macho faz o galanteio para a fêmea", explica.

Na prática, essa parceria começou ainda em fevereiro, dias após o governo federal promover uma cerimônia em Brasília para anunciar o tombamento do forró como patrimônio imaterial do Brasil. Foi o estopim.

Intermediadas pelo deputado estadual Ernani Polo (Progressistas), duas reuniões já foram realizadas – com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

"Isso permite também que empresas possam apoiar projetos através da Lei de Incentivo à Cultura tendo abatimento maior no valor do patrocínio. Nesse sentido, realizamos buscando orientações e juntando documentos para que o processo seja contemplado no estado e a nível nacional", entusiasma-se o parlamentar.

As duas "cidades-berço" do Bugio preparam a retomada dos festivais nativistas que celebram o ritmo. São Francisco de Assis planeja a "Querência do Bugio" para outubro. São Francisco de Paula, o "Ronco do Bugio", em agosto. O grupo de trabalho também quer realizar seminários e estimular os artistas gauchescos a ampliarem a participação do ritmo em seus repertórios.

"Era como um Gre-Nal, e agora com torcida única. Estamos unidos nessa bandeira fazendo com que esse ritmo seja não só de São Chico de Assis e São Chico de Paula, mas de todo o Rio Grande e do Brasil", resume o vice-prefeito de São Francisco de Assis, Jeremias Oliveira.

LINK DA MATÉRIA DO G1 RS AQUI

Fonte e texto: G1 RS / RBS TV

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