sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Último laudo técnico da Emater de São Francisco de Assis, aponta prejuízos de mais de R$ 293 milhões em razão da estiagem na zona rural

 CARACTERIZAÇÃO DO EVENTO: DÉFICIT HÍDRICO (SECA)

Registramos a ocorrência de déficit hídrico com chuvas irregulares e abaixo da média nos períodos de 01/09/2022 a 30/01/2023. No mês de setembro tivemos um acumulado de precipitação de 30mm, no mês de outubro a precipitação acumulada foi de 66mm, em novembro o acumulado foi de 75mm e, em dezembro o acumulado foi de 70mm. Ate o momento em janeiro acumulamos 24mm. Em decorrência desse baixo volume de precipitações, juntamente com a irregularidade dessas chuvas, o déficit hídrico atual é de mais de 580mm para o período.
Esses meses são períodos de preparo, implantação e desenvolvimento dos cultivos das principais culturas de verão.

Salientamos que algumas localidades estão a mais de 60 dias sem chuvas.

MANANCIAIS E RESERVAS DE ÁGUA
Durante o ano de 2022 as condições de tempo não permitiram a satisfatória reposição das reservas de água dos mananciais superficiais (açudes, rios e sangas), bem como, mananciais subterrâneos (vertentes e poços). A redução das suas capacidades de acumulação e retenção de água está sendo agravada em decorrência das baixas precipitações e, também, da irregularidade das chuvas, principalmente, durante a primavera. Com isso, o poder público municipal retoma a necessidade de distribuição de água com caminhão para as famílias do interior do nosso município.

Atualmente, a Secretaria Municipal de Agricultura registra cerca de 215 (duzentas e quinze) famílias sendo abastecidas com água potável para consumo humano. As famílias estão distribuídas em mais de 50 (cinquenta) localidades, esse fato reforça o quão severo são os efeitos da seca em nosso município, pois os níveis dos reservatórios não foram repostos, tornando a situação, no momento, mais grave que do ano anterior em relação a falta de água para consumo humano, assim como para dessedentação dos bovinos e de demais criações.

Ressaltamos que até momento para estas 249 famílias foram distribuídos mais de 1milhão de litros de água nos últimos meses, com entregas diárias de volumes de água que, a quais de 20 dias, distribuem 30 (trinta) mil litros/dia.

Salientamos que a situação dramática, pois as chuvas previstas para o final de ano não concretizaram, assim agravando a situação do abastecimento de água para consumo humano. E que a maioria das comunidades do interior não registram chuvas a mais de 60 dias.

SITUAÇÃO DAS CULTURAS E CRIAÇÕES
O déficit hídrico está impactando severamente, após implantação das principais culturas de
verão observamos a cada dia a piora no cenário de desenvolvimento das principais culturas, as
quais, caracterizam-se por apresentarem perdas significativas, principalmente, nas culturas de milho, fumo, melancia e soja. A soja apresenta perdas efetivas a cultura deve dificuldade de estabelecimento inicial das áreas (Stand Inicial), e o início de desenvolvimento (emergência e desenvolvimento vegetativo), está com perda de plantas em decorrência do evento, As culturas de milho, fumo e melancia estão com sua produção definida e com as perdas mensuráveis, pois as áreas estão em desenvolvimento compatível para levantamento das perdas.

Na pecuária de corte e de leite também registramos perdas, às quais se têm acumulado de eventos passados, o que contribui para o agravamento das perdas nessas atividades. No caso da pecuária de corte, os animais reduziram seu ciclo reprodutivo, pioraram suas condições sanitárias,
sendo que, até o momento as pastagens não proporcionaram condições de produção de pasto para uma lotação suficiente, assim como, as condições das águas não foram repostas de maneira satisfatória. Dessa forma, os animais encontram-se com restrições de água e pasto com baixa qualidade além de muitos casos com falta de água e pasto obrigando produtores fazer venda de animais. Essa falta de água de qualidade para dessedentação animal e a baixa oferta de massa verde das pastagens nativas e cultivadas causam redução, manutenção e até perda de peso com diminuição do escore corporal dos animais.

existe relato de morte de animais pela restrição alimentar e de água grave, sendo que até o momento registramos perda de 5 cabeças de bovinos.
Na pecuária leiteira sente-se os efeitos da estiagem pela redução da produção leiteira.
Também registramos perdas na atividade Apícola (criação de abelhas) do município, com perda de enxames por falta de alimentos e baixa produção devido à escassez das floradas. Situação
que já era previsível devido à estiagem passada, porém, agravando a situação com o ficit hídrico
dos últimos meses.

 

SOJA: Área atingida pelo evento foi de 48.450 hectares, desses 65% plantados nos meses de novembro e dezembro e, outros 35% em outubro.
Este ano, observamos um atraso na implantação das áreas, dessa maneira as lavouras encontram-se em fase de germinação, emergência e fase inicial de desenvolvimento vegetativo,
além de que muitas áreas não foram semeadas. Salientamos que os efeitos estão atingindo de maneira mais evidente as áreas cultivadas do final de novembro e dezembro, em lavouras que apresentam solos mais frágeis (arenosos). Essas áreas apresentam desuniformidade na emergência das plântulas, morte de plântulas após emergência e, também, a não germinação das sementes, resultando, em baixo stand das lavouras. Além de plantas com baixa estatura e com encurtamento dos entrenós, característico de plantas com stress hídrico sinalizando também baixo potencial produtivo. Em boa parte das áreas visitadas o stand de plantas não está adequado, bem como, as áreas que estão em estádio reprodutivo já apresentam abortamento de flores, canivetes e em alguns casos até morte de plantas, acarretando em perdas de produtividade e/ou inviabilidade completa da produção nessas áreas.
Cabe relatar que na estimativa de perda de produtividade ainda não contabilizamos as perdas pelo não replantio das áreas, pois são áreas que foram cultivada e morreram pelo efeito da estiagem. Não contabilizamos nas perdas em decorrência do zoneamento agrícola ainda permitir o
cultivo. Estimamos 9% de replantio de área cultivada em dezembro (4mil ha), mesmo que as chuvas voltem a normalidade. Ainda resta semear de 15% da área prevista com a cultura da soja. Sendo
que esse atraso na semeadura, por si só, já acarreta perda de produtividade.

As perdas são mais significativas, podendo chegar a mais de 70% de perda de produtividades em algumas áreas do 5º Distrito (Vila Kraemer, Santa Rosa), no Espinilho, 4º Distrito Pinheiro Bonito,
também na região do Progresso Piquiri 2º Distrito divisa com Jaguari.

Salientamos que as lavouras foram formadas com alto investimento, principalmente, e insumos e combustível para implantação das áreas e que os produtores já estão descapitalizados em decorrência da estiagem do ano anterior. Assim, os efeitos do evento, compromete a renda atual e futura das famílias, pois as perdas são concretas, podendo atingir maior intensidade e irreversibilidade, caso as chuvas não retornem em quantidade e volume suficiente no mês de janeiro.

Em virtude da morte de plântulas e dificuldade de implantação das áreas a área cultivada até o momento atinge 48.450( quarenta e oito mil quatrocentos e cinquenta hectares)

MILHO: Área de milho até o momento cultivada e está drasticamente afetada pelo evento com
plantas em estádio vegetativo e ou reprodutivo com sintomas característicos do Stress hídrico com
plantas com pouca formação ou nenhum grão. As perdas ocorreram tanto no milho silagem como no
milho grão. Ressaltamos que na maior parte, o déficit hídrico ocorreu bem no peodo crítico, ou
seja, o período reprodutivo.
 

ARROZ: Estamos monitorando a situação por meio de contato com produtores, os quais,
relatam que a situação de água está cada dia mais crítica com o baixo níveis de rios, açudes e
barragens. Já existe relato de barragens que secaram, com isso, agricultores aumento custos com
recalque de água Porém, até o momento não temos relato de perda de produtividade por falta de
água, mas caso as chuvas não retornem, teremos falta de água para manutenção da irrigação, com
isso, acarretando perdas nessa cultura.

FUMO: Estimamos que da área total do município que corresponde a aproximadamente 700
hectares, a maior parte dessa área foi cultivada. As áreas estão sofrendo com baixo
desenvolvimento das folhas e o intenso ataque de pragas, principalmente do Pulgão do Fumo, tudo
em decorrência da falta de chuvas, prejudicando o pleno desenvolvimento das plantas, dificultando o
acúmulo de massa e reduzindo o peso final do produto.

MELANCIA: A cultura da melancia também foi afetada pelo evento. Além do déficit hídrico no
período final de enchimento dos frutos, que prejudicou o ganho de peso, as altas temperaturas
também afetaram demais, ocasionando muitas perdas pelas “queimaduras dos frutos pelo sol”.

PECUÁRIA: A pecuária de corte assim como a pecuária leiteira também foi afetada pelo
evento devido às perdas na qualidade e produtividade das forrageiras nativas e cultivadas de
primavera e verão. Os danos se refletem na baixa do score corporal dos animais, onde num período
que seria para ganhar peso, os animais estão apenas mantendo, em algumas situações até perderam peso. Além das perdas que teremos na taxa de natalidade dos terneiros, devido à baixa
no estado corporal das matrizes.

Ressaltamos a precarização do acesso a águas para os bovinos, pois pela falta do retorno das chuvas, e o Stress hídrico severo muitos açudes, sangas, vertentes e poços estão nos níveis mais
baixos da história, bem como, muitos já secaram o que agrava ainda mais a situação em muitas propriedades, que já estão em estado de alerta para possibilidade de perda de bovinos.

Registramos a morte de 5 animais em decorrência do evento.

Ressaltamos que esse levantamento retrata as condições de perdas da situação do momento.
E que, a situação agrava-se a cada dia que passa e não é registrado chuvas.

A persistência do evento, ocasiona um aumento significativo a cada dia nas perdas das culturas e criações e demais atividades econômicas e sociais do nosso município.

Referência dos preços:

Milho grão R$ 85,00 saca 23/01/2023 (Informativo Conjuntural da Emater).

Soja R$ 163,00 saca 30/01/2023 (Informativo Conjuntural da Emater).
 

Fumo R$ 205,00 arroba (média da tabela da Afubra).
Leite R$ 2,30 litro (Informativo Conjuntural da Emater).

Bovinos de corte R$ 9,00 kg vivo (Informativo Conjuntural da Emater).

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