| Foto: G1/Globo |
Natural de Salto do Jacuí, Damaris cresceu no interior do Rio Grande do Sul e era conhecida pelos amigos como uma jovem tranquila, de fala mansa e olhar doce. Gostava de ler, ouvir música e tinha o sonho de cursar Enfermagem. Conforme o Portal G1, relatos de familiares destacam que ela era carinhosa com a mãe e mantinha laços fortes com as irmãs e sobrinhos, a quem chamava de “meus amores”. Depois de conquistar a liberdade, passou a morar em Balneário Arroio do Silva, no Sul de Santa Catarina, onde vivia com a mãe e o namorado, o empresário Allen Silva.
O caso
O caso ganhou repercussão nacional e levantou questionamentos sobre a demora na concessão da liberdade provisória. Conforme o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), três pedidos de soltura foram analisados ao longo do processo. Os dois primeiros, apresentados em 2023 e novembro de 2024, foram negados por falta de comprovação médica da doença. Somente em março de 2025, após diagnóstico confirmado de neoplasia maligna do colo do útero, a prisão preventiva foi convertida em domiciliar. O Ministério Público do RS (MPRS) informou que, na primeira solicitação, não houve provas suficientes da enfermidade, mas que, após a apresentação de laudos médicos, a liberdade foi concedida.
Damaris foi absolvida em agosto deste ano, após o júri entender que não havia provas que a ligassem ao homicídio de Daniel Gomes Soveral, 34 anos, natural de São Francisco de Assis, ocorrido em novembro de 2018, em Salto do Jacuí, no Noroeste do Estado. A jovem havia sido presa preventivamente em agosto de 2019, acusada de ter ajudado a planejar o crime. Segundo a denúncia do Ministério Público, ela teria mantido um relacionamento com a vítima para atraí-la ao local da execução.
O corpo de Daniel foi encontrado parcialmente carbonizado dentro de um veículo, com um tiro na cabeça, em uma estrada próxima ao Balneário Municipal de Salto do Jacuí. Outras duas pessoas foram denunciadas: Henrique Kauê Gollmann, na época namorado de Damaris, apontado como autor do disparo e atualmente preso, e Wellington Pereira Viana, absolvido pelo júri.
A defesa de Damaris sempre sustentou que ela contou a Henrique ter sido estuprada por Daniel e que o crime teria sido cometido por ele, sem seu envolvimento. Mesmo apresentando dores e sangramentos durante o período de prisão, os pedidos de soltura foram negados até a confirmação do diagnóstico de câncer. Damaris passou por presídios em Sobradinho, Lajeado, Santa Maria e Rio Pardo, antes de ser transferida para tratamento oncológico.
Em liberdade domiciliar desde abril, Damaris iniciou quimioterapia e radioterapia em Santa Cruz do Sul, sendo depois transferida para Criciúma (SC). Ela foi absolvida em agosto de 2025, e 74 dias depois, em 26 de outubro, morreu em decorrência da doença.
TEXTO: Diário de Santa Maria
Nenhum comentário:
Postar um comentário